Hoje, o dólar australiano atrai novos compradores em resposta às declarações mais agressivas da governadora do Banco da Reserva da Austrália (RBA), Michelle Bullock.

O RBA decidiu manter a Taxa de Juros Oficial (OCR) inalterada em 3,6%. No comunicado que acompanhou a decisão, o regulador destacou que o Conselho continuará monitorando atentamente os dados econômicos e ajustará sua avaliação de riscos e perspectivas sempre que necessário ao tomar decisões de política monetária.

Durante a coletiva de imprensa, Bullock enfatizou que os indicadores de inflação e do mercado de trabalho terão papel decisivo na reunião de fevereiro. Ela acrescentou que novos cortes de juros são improváveis no momento e que o Conselho chegou a discutir possíveis medidas caso seja necessário voltar a elevar as taxas.

Nas últimas duas semanas, os mercados passaram a reavaliar a probabilidade de o RBA manter uma postura monetária restritiva, uma vez que as pressões inflacionárias seguem elevadas. Como resultado, a inflação continua acima da faixa-alvo de 2% a 3%, colocando em dúvida a possibilidade de um afrouxamento monetário mais significativo.

Bullock também afirmou que, caso a inflação se mostre persistente, isso terá impacto direto sobre as futuras decisões do banco central. Alguns analistas avaliam que, à medida que as condições internas se estabilizam e a inflação não apresenta sinais claros de desaceleração, o RBA pode interromper seu ciclo de flexibilização em 2026 e até considerar um novo aperto nas condições de crédito.

Do lado do dólar americano, na semana passada, o Departamento de Comércio dos EUA informou que o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) anual de setembro avançou 2,8%, em linha com as expectativas do mercado. O núcleo do CPI também subiu 2,8% em relação a agosto. Em conjunto com os sinais de desaceleração do mercado de trabalho, esses dados reforçam a postura mais dovish do Federal Reserve.

Segundo a ferramenta CME FedWatch, os traders já precificam um corte de 25 pontos-base na taxa de juros pelo Fed ao final da reunião desta quarta-feira. Esse cenário tende a limitar a recuperação do dólar a partir das mínimas de dezembro — vistas pela última vez no fim de outubro — e segue dando suporte ao par AUD/USD.

Para melhores oportunidades de negociação, a atenção se volta agora para o relatório semanal de variação do emprego ADP e os dados de vagas de emprego do JOLTS. Em seguida, o foco migrará para a decisão do FOMC na quarta-feira e para o relatório mensal de emprego da Austrália, que será divulgado na quinta-feira.

Do ponto de vista técnico, os osciladores no gráfico diário permanecem positivos, embora o Índice de Força Relativa (RSI) esteja se aproximando da zona de sobrecompra. Ainda assim, compras acima de 0,6650 — ou acima da máxima de vários meses registrada na segunda-feira — podem abrir espaço para ganhos adicionais e avanço em direção à máxima anual.

Por outro lado, uma eventual fraqueza abaixo do nível psicológico de 0,6600 pode ser vista como oportunidade de compra na faixa de 0,6560–0,6550, abaixo da qual se encontra a Média Móvel Simples (SMA) de 100 dias. Uma quebra dessa média pode acelerar a queda em direção ao nível psicológico de 0,6500. A incapacidade de se manter acima dessa região mudaria o viés de curto prazo a favor dos vendedores (ursos).

Por fim, a tabela de desempenho cambial mostra que, hoje, o dólar australiano registra sua maior força frente ao iene japonês.